O empresário e fundador Aldo Vendramin pontua que uma fazenda bem gerida não depende apenas de boas colheitas ou genética superior, depende, sobretudo, da capacidade de medir, interpretar e agir sobre os dados. Para ele, a gestão rural moderna precisa ser guiada por indicadores de desempenho, que transformam a rotina do campo em informações estratégicas e permitem decisões mais seguras e rentáveis.
Venha compreender como fazer metas e indicadores que façam sentido para o seu negócio e como expandir para o crescimento.
A importância de medir para evoluir
Durante muito tempo, a administração rural era pautada apenas pela experiência e pela intuição. Hoje, o produtor que deseja crescer precisa de números confiáveis, capazes de mostrar o que realmente está dando resultado e o que precisa ser ajustado.

Segundo Aldo Vendramin, o controle de indicadores é o que separa uma fazenda amadora de uma empresa rural eficiente. Ao medir, consegue entender o próprio negócio. Sem dados, o produtor se torna refém da sorte e das circunstâncias. Esses indicadores permitem prever gargalos, antecipar riscos climáticos e calcular custos com precisão, fatores que se tornaram vitais num cenário de margens apertadas e volatilidade de preços.
Os principais indicadores da fazenda moderna
Para alcançar uma gestão de excelência, o produtor deve acompanhar indicadores econômicos, produtivos e operacionais. Entre os mais relevantes estão:
- Custo por hectare e por unidade produzida (arroba ou saca): mostra o verdadeiro custo de produção e orienta a precificação;
- Margem de contribuição por atividade: revela quais setores da fazenda são mais lucrativos e quais precisam de revisão;
- Índices zootécnicos: como taxa de prenhez, intervalo entre partos, ganho médio diário (GMD) e mortalidade;
- Taxa de lotação e capacidade de suporte: fundamentais para equilibrar pastagens e garantir sustentabilidade;
- Produtividade por talhão: indica o desempenho das áreas e ajuda a direcionar a agricultura de precisão;
- Índices de eficiência operacional: tempo de preparo de solo, rendimento de máquinas e consumo de combustível;
- Ponto de equilíbrio e margem de segurança: mostram quanto é preciso produzir para cobrir custos fixos e gerar lucro.
Esses números permitem entender o coração da fazenda, explica Aldo Vendramin, ao saber quanto custa cada hectare e quanto ele entrega de retorno, conseguimos enxergar o negócio como uma empresa de alta performance.
Tecnologia e precisão no campo
A modernização do agronegócio trouxe ferramentas que facilitam a coleta e a análise de dados. Sensores, drones, softwares de gestão e balanças inteligentes transformaram a antiga prancheta em painéis digitais de monitoramento em tempo real. Como destaca o senhor Aldo Vendramin, o uso da tecnologia ajuda a tomar decisões baseadas em evidências, é possível medir o peso de cada animal, o consumo de ração e até a temperatura do solo. Com isso, o produtor planeja a próxima safra com base em fatos, e não em achismos.
O uso de plataformas integradas também permite cruzar informações financeiras e produtivas, oferecendo uma visão clara da rentabilidade por área ou atividade. Isso possibilita agir com rapidez e ajustar o manejo antes que os problemas cresçam.
Gestão de riscos e previsibilidade
O agronegócio é um setor sujeito a riscos, climáticos, cambiais e de mercado. Por isso, o acompanhamento constante de indicadores de preços, produtividade e câmbio é essencial. O Brasil, líder mundial em várias cadeias produtivas (soja, carne bovina, café e açúcar), também enfrenta variações intensas de custos logísticos e insumos. Aldo Vendramin ressalta que monitorar esses fatores permite que o produtor decida o momento certo para vender ou travar preços, pois quem acompanha o mercado, protege o caixa. O indicador certo, na hora certa, vale mais do que qualquer intuição.
Além disso, os indicadores climáticos (chuvas, temperatura, umidade do solo) ajudam a prever safras e ajustar o planejamento de plantio, reduzindo perdas e otimizando o uso de insumos.
Cultura de gestão e equipes engajadas
Os indicadores só funcionam quando são compreendidos e aplicados pelas pessoas que fazem o campo acontecer. Por isso, o empresário Aldo Vendramin reforça a importância de envolver toda a equipe na cultura de medição. O trabalhador, o técnico e o gestor precisam entender o porquê dos números. Quando todos têm consciência dos resultados, o desempenho coletivo melhora.
Reuniões periódicas de acompanhamento, painéis de metas visíveis no galpão e feedback constante criam um ambiente de melhoria contínua. Essa prática transforma o campo em um negócio previsível, produtivo e sustentável.
Do número à decisão estratégica
Medir, porém, é só o primeiro passo. O que realmente faz diferença é agir sobre os dados. Um indicador de prenhez abaixo da meta pode levar à revisão da nutrição ou do protocolo de IATF; um custo por hectare elevado pode indicar falhas de mecanização; um índice de produtividade em queda pode revelar problemas de solo.
Assim como considera o senhor Aldo Vendramin, o objetivo é usar cada indicador como uma bússola: pois números não substituem o olhar humano, mas orientam para onde olhar. A gestão rural moderna nasce da união entre experiência, técnica e dados.
O campo como empresa do futuro
Com mercados cada vez mais exigentes e margens cada vez menores, os indicadores de desempenho se tornaram o alicerce da profissionalização do agronegócio. Eles transformam a fazenda em uma empresa rentável, sustentável e preparada para competir globalmente.
Quando a tradição se une à informação, o produtor deixa de reagir e passa a antecipar o futuro, tornando cada safra um passo adiante na construção de um legado sólido e duradouro.
Autor: Valentin Vasilenko