O major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira negociou com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília. O militar foi preso na manhã desta ultima quinta-feira (8/2), durante operação da Polícia Federal sobre a organização de um plano para decretar um golpe de Estado no país.
Em mensagem, Cid diz que militares protegeriam manifestantes em ato de 15/11
A conversa foi transcrita na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou os mandados de busca e apreensão. Em 14 de novembro, Rafael Martins, conhecido como “Joe”, troca mensagens com Cid e pede recursos financeiros.
O coronel, então, solicita que o major faça estimativa de custos com hotel, alimentação e material, e pergunta se a quantia de R$ 100 mil seria suficiente. “Ok!! Em torno disso”, responde o Martins. Em seguida, ele é orientado por Cid a levar a Brasília pessoas do Rio de Janeiro.
Conversas mostram que militares temiam ser presos se plano falhasse
“RAFAEL MARTINS troca mensagens com MAURO CID e fala da necessidade de recursos financeiros. O ajudante de ordens solicita que o mesmo faça estimativa de custos com Hotel, Alimentação e Material e pergunta se a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) é suficiente. RAFAEL responde que sim e é orientado por CID a trazer pessoas do Rio, provavelmente se referindo a cidade do Rio de Janeiro. No dia 15.11 .2022 (dia das manifestações), RAFAEL encaminha documento protegido com senha intitulado “Copa 2022” e informa que está ‘com as necessidades iniciais’”, diz trecho da conversa.
Em outro trecho, Rafael pede orientação a Mauro Cid sobre o local para onde os manifestantes devem ir. “Ae… o pessoal tá querendo a orientação correta da manifestação. A pedida é ir para o CN [Congresso Nacional] e STF [Supremo Tribunal Federal]?? As FFAA [Forças Armadas] vão garantir a permanência lá?”, pergunta o major, ao que Rafael orienta: “Cn e stf. Vão”.
Segundo a PF, foi montada uma organização criminosa, com seis núcleos (desinformação, incitação aos militares, jurídico, operacional, inteligência paralela e núcleo de oficiais de alta patente), para atuar em tentativa de golpe de Estado e manter Jair Bolsonaro no poder. Também teria sido elaborada uma minuta golpista que previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes.